Raíssa de Sousa, estudante de jornalismo aprofunda o tema “Cabelo Afro Identidade” em entrevista com os alunos e colegas Bárbara Marçal e Jailson Medeiros, no Centro Universitário UNINTA. A entrevista aborda aceitação, situações preconceituosas e de reflexão sobre o assunto.
Alunos: Boa tarde, queridos amigos e amigas! Hoje, no Parafraseando o papo vai ser com RAISSA, estudante de jornalismo que falará um pouco sobre CABELO AFRO IDENTIDADE: O processo de aceitação do cacheado. Vem com a gente! Embarcam com a gente nessa conversa!
Alunos: Raissa, você já teve ou tem vontade de alisar o cabelo?
Raíssa: Já tive o cabelo alisado, por muito tempo, e sempre gostei. Desde criança fui influenciada. Acho que na minha família não tinha ninguém de cabelo cacheado. Minha irmã tinha cabelo liso, minha mãe também. Quando cheguei em uma idade adequada para usar química, minha mãe deixou eu alisar.
Alunos: Quais perguntas não se deve fazer para pessoas de cabelos cacheados?
Raíssa: Acho que perguntar se você não tem vontade de ter um cabelo liso. Quando usava tranças, chegou gente perguntando se não lavava o cabelo, é antes disso perguntava por quanto tempo ficava com isso no cabelo. Respondia que ficava por dois meses, “é você lava o cabelo?” É claro que eu lavava e a saúde do cabelo e é importantíssimo se colocar no lugar do outro.
Alunos: Qual é o lado positivo depois de voltar a ter um cabelo cacheado?
Raíssa: Tudo, Eu amo. Amo cuidar do meu cabelo. Era tão preguiçosa para isso. Hoje em dia, “papoco” meu dinheiro em creme.
Alunos: Pra você, o que o cabelo cacheado significa?
Raíssa: O preconceito que passei antes com o meu cabelo, foi absurdo. Sou uma pessoa bem mais tolerante, antes não tinha personalidade. Tenho uma sobrinha de 5 anos, a mãe dela tem o cabelo liso e família toda tem cabelo liso e ela nasceu com o cabelo cacheado, ela chega lá em casa e eu chamo ela para lavar o cabelo. Acho que ver que eu faço essa diferença na vida dela. É muito importante para mim saber que não só na vida dela, que ela é mais chegada a mim, mas que eu possa fazer a diferença na vida de outras pessoas também.
Alunos: Você acha que essa sua ideia de antes ter um cabelo liso foi por que você quis ou por influência de outras pessoas?
Raissa: Influenciada. Na época que eu alisei a gente não tinha a realidade que temos hoje, tinha mãe não tinha muita condição, então meu cabelo era natural, molhava, penteava e acabou, eu olhava e falava, “não quero”. Minha mãe, quando a gente vinha para o Ceará, alisava com minha tia, eu via e queria, mesmo sabendo que minha mãe passava o dia todinho para alisar o cabelo. Escovava, lavava de novo e eu queria aquilo que era mais fácil. Passava 6 meses com o cabelo “perfeito”.
Alunos: Gostaria de saber se, com toda essa história que você passou, além das suas escolhas pessoais, decidiu passar pela transição por causa da saúde do seu cabelo. Você sente que representa alguma bandeira e se sente inclusa nela também?
Raíssa: Sim
Alunos: Qual seria essa bandeira?
Raíssa: Não só de aceitar os cabelos e aprender a amar. Hoje, eu amo meu cabelo. Estou super feliz com meu cabelo […] Acho que também é importante ser esse exemplo para minha sobrinha. Acho que ter essa representatividade para uma criança nessa idade que eu não tive. Eu amo ela e ver que ela está feliz com o cabelo cacheado dela e saber que ela pode contar comigo para tratar e cuidar do cabelo dela, faz muita diferença na vida dela.
E esse foi o nosso parafraseando!
A entrevista teve como realizadores os seguintes estudantes da disciplina Redação Jornalística I:
Raíssa de Sousa
Luís Davi Frota
Tálita Ávila
Bárbara Marçal
Jailson Medeiros
Daniel Ribeiro